Uma nova técnica de emagrecimento, mais moderna e bem menos invasiva, promete ajudar pessoas que não conseguem perder peso e têm resistência a tratamentos mais invasivos. Chamada de pílula bariátrica ou Balão de Allurion, a novidade consiste na deglutição de uma espécie de comprimido, que será inflado com água posteriormente para poder ocupar espaço no estômago do paciente. O procedimento não requer sedação nem anestesia.
Também conhecido como Balão Elipse, deve chegar ao Brasil entre o final de 2022 e início de 2023. O método, já utilizado em países da Europa e da América do Sul, como Chile e Venezuela, promete levar à perda de 10% do peso do paciente, podendo chegar a 15% em alguns casos. O preço deverá ficar próximo ao de um balão gástrico convencional, em torno de R$ 10 mil.
Pílula Bariátrica: sem endoscopia ou cirurgia
“É uma pílula que a pessoa engole, não precisa de anestesia, não precisa de procedimento cirúrgico, não precisa de endoscopia, mas é fundamental ter acompanhamento médico”, ressalta o nutrólogo Jean Eldin, que teve contato com o método durante o 29º Congresso Europeu de Obesidade (ECO), que aconteceu no início de maio em Masstricht, na Holanda.
A pílula ingerida tem um cateter longo e fino acoplado a ela. Através desse cateter, a pílula será insuflada com 550 ml de água. Entre os efeitos colaterais, pode haver desconfortos, como dores, vômitos e náuseas nas primeiras 72 horas. O dispositivo ficará no estômago do paciente por 16 semanas.
A presença do balão no estômago ajuda a reduzir a fome e acabar com o hábito de petiscar ao longo do dia. O objetivo é que durante o tratamento o paciente passe por uma reeducação alimentar e faça adesão a uma dieta que permaneça na sua vida e que adote uma rotina saudável de exercícios.
Após as 16 semanas, o balão será naturalmente expelido através das fezes, não sendo necessário nenhum procedimento, como ocorre com os balões gástricos tradicionais, em que é necessário fazer uma endoscopia tanto para colocá-lo quanto para retirá-lo. De acordo com a Allurion, empresa responsável pela produção, cerca de 50% das pessoas não sentem o balão saindo nem qualquer outro tipo de incômodo durante sua eliminação.
Monitoramento em tempo real
“Durante o período em que está com o balão no organismo, o paciente receberá uma balança, para se pesar todos os dias, e um relógio que fará o controle da sua frequência cardíaca. Ambos os instrumentos estarão conectados através de um aplicativo, pelo qual as informações serão passadas diretamente para o médico, diariamente, em tempo real, ao longo de todo o tratamento. Assim, será possível fazer um monitoramento grande do peso do paciente e ter um controle maior para o sucesso do procedimento”, afirma.
A técnica é indicada para qualquer pessoa entre 18 e 65 anos que tenha sobrepeso ou obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 34,9), não beba em excesso e não esteja grávida. De acordo com estudos clínicos citados pela empresa Allurion Technologies, até 95% da perda de peso foi mantida após um ano de retirada do balão quando o paciente aliou o tratamento a uma nova alimentação e exercícios físicos.